quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Copa Pra Quem?


Albertinas: PRESENTES!





“basta o amor pelo esporte para hipnotizar desavisados”
– Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira 


Manifesto Copa pra quem?


Somos torcedores impedidos de ir ao estádio. Somos trabalhadores ambulantes impedidos de trabalhar. Somos moradores de favelas e ocupações despejados ou ameaçados de perder nossas casas. Somos sem terra e sem teto organizados em luta. Somos mulheres, somos crianças e adolescentes, somos LGBT e sofremos toda forma de violência e exploração sexual. Somos pobres, pretos, periféricos, e somos exterminados na calada da noite por um Estado terrorista. Somos o povo da rua, somos pessoas com sofrimento mental, somos trabalhadoras do sexo, expulsos do centro da cidade, internados compulsoriamente, presos sem condenação. Somos trabalhadores da construção civil, explorados e precarizados no nosso trabalho. Somos idosos e pessoas com deficiência discriminados. Somos cidadãos cujos impostos são desviados do orçamento público para o benefício particular de uns poucos. Somos jogadores e jogadoras de futebol e nossos campos de várzea foram tomados. Somos amantes do futebol. Somos 99% da população. 

Desde que o Brasil foi anunciado sede da Copa do Mundo de 2014, diversos impactos tem sido sentidos pela população. Em vez de ser motivo de celebração do esporte mais popular do país e melhoria na vida das pessoas da cidade, a preparação para este megaevento tem sido utilizada para aumentar, acelerar, e intensificar violações de direitos humanos por toda a cidade.

Em primeiro lugar, as remoções forçadas de milhares de pessoas de suas casas sem alternativa de moradia digna, para dar lugar a obras viárias que nem sequer foram discutidas com a população, além de incêndios criminosos em favelas e da expulsão da população em situação de rua do centro da cidade num violento processo de limpeza social. A cidade está entregue ao mercado imobiliário e à especulação financeira numa lógica de megaeventos e megaprojetos, proibida aos seus habitantes. O transporte público representa uma humilhação cotidiana para os trabalhadores nos seus trens e ônibus lotados e exclui quem não pode pagar sua tarifa caríssima, enquanto o transporte individual é incentivado e priorizado. 

Nas obras, a precarização dos direitos e condições de trabalho daqueles que constróem a cidade, e nas ruas a perseguição aos trabalhadores ambulantes, impedidos de trabalhar. Assistimos a um processo de militarização da cidade através de operações policiais que tem como alvo criminalizar, reprimir e exterminar a própria população – especialmente pobres, negros e periféricos, e os movimentos sociais – militarização que pouco tem a ver com o combate ao crime, e se estende até o policiamento de condutas em que somos todos suspeitos. Nos estádios, torcedores são criminalizados, ingressos caros elitizam o acesso ao espetáculo e as manifestações da cultura do futebol, com bandeiras e instrumentos, foram proibidas. Para que tudo isso aconteça, a aplicação de mais de 30 bilhões de reais – dinheiro público – em obras para um evento que será acessível a poucos e que tanta falta faz na saúde, educação, moradia, transporte e no próprio esporte... Com o evento, cresce a exploração sexual de mulheres e crianças e o tráfico de pessoas para estes fins.

Pensando nesses impactos e na possibilidade de organização popular para resistir e fazer o contraponto a este processo, e entendendo que a cidade e o futebol são do povo e não de cartolas, entidades privadas como a FIFA ou a CBF, corporações como a Coca Cola, governos ou empreiteiras, o Comitê Popular da Copa SP - grupo aberto de articulação e resistência contra impactos e violações de direitos humanos da Copa do Mundo de 2014 em SP - e as organizações e coletivos abaixo assinados convidam os movimentos sociais, organizações e entidades de defesa dos direitos humanos, coletivos autônomos, artistas, jornalistas, estudantes, pesquisadores/as e trabalhadores/as em geral para que se somem à organização de um grande ato dia 1º de dezembro, data do sorteio das chaves da Copa das Confederações da FIFA em SP, com concentração a partir das 13h em frente à Ocupação da Rua Mauá, quando perguntaremos aos governos responsáveis por essa situação, afinal, “COPA PRA QUEM?”.

As reuniões para organização do ato são abertas e tem acontecido na Rua Mauá, n.340. 
Para aderir ao manifesto, envie um e-mail com o nome da organização / coletivo / movimento para: comitepopulardacopasp@gmail.com

Assinam o Manifesto "Copa pra Quem?":

ACALeO – Ação Cultural Afro Leste Organizada
Articulação Nacional pela Memória, Verdade e Justiça
Associação dos Geógrafos Brasileiros – AGB/Seção São Paulo
APAC- Associação Potiguar dos Atingidos pelas Obras da Copa
Associação de Professores da PUC-SP (Apropuc)
Associação dos Moradores e Amigos do Jardim Helian- Itaquera
Associação dos moradores da Vila Uniâo Sta. Teresa (AMVUST)
Autônomos & Autônomas FC
Brava Cia.
Buraco D’Oráculo
Casa Mafalda
Central de Movimentos Populares (CMP)
Centro Acadêmico de Serviço Social - PUC SP (CASS PUC-SP)
Centro Acadêmico Ruy Barbosa (CARB) 
Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos
Coletivo da Albertina
Coletivo Canto Geral - Direito USP
Centro Santo Dias de Direitos Humanos
Coletivo NASA - ABC
Comissão Pastoral para a Caridade, Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo 
Comitê de Enfrentamento à Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes
Comitê Popular da Copa SP
Companhia Kiwi
Companhia da Revista
Comunidades Unidas de Itaquera
Conselho Indigenista Missionário – CIMI/SP
Conselho Regional de Serviço Social 9ª Região – SP - CRESS
Cooperativa Paulista de Teatro (CPT)
CPT-Comissão Pastoral da Terra e Pastoral Carcerária
Democratização do Futebol
Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Artes
Escritório Modelo da PUC – SP
ExNEEF Executiva Nacional de Estudantes de Educação Física
Fanfarra do MAL (Movimento Autônomo Libertário)
Fórum Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente de São Paulo (FEDDCA)
Fórum da Assistência Social da Cidade de São Paulo
Fórum Permanente de Acompanhamento das Políticas Públicas para População em Situação de Rua de São Paulo
Grupo de Articulação para Moradia do Idoso da Capital (GARMIC)
Grupo Nóis de Teatro – Fortaleza - CE
Grupo Teatral Parlendas
Hangar de Elefantes
Instituto do Negro Padre Batista
Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec)
Instituto Pólis
Instituto Práxis de Direitos Humanos
Jornal O São Paulo
Kombi do Rap – São Caetano do Sul
Marcha Mundial das Mulheres
Movimento de Moradia Região Central (MMRC)
MDF - Movimentode Defesa dos favelados - Regiaõ Episcopal Belém
Mira Central - grupo livre de pesquisas sobre áreas urbanas centrais
Movimento de Sem Teto - MST
Movimento de Teatro de Grupo de São Paulo
Movimento de Teatro de Rua de SP
Movimento Nacional da População de Rua (MNPR)
Movimento Passe Livre SP (MPL) 
Movimento Unificado das Moradias da Várzea do Tietê
Núcleo de Antropologia Urbana da USP (NAU)
Núcleo de Defesa de Direitos Humanos da População em Situação de Rua e Catadores de Materiais Recicláveis - SP (NDDH-SP)
Núcleo de Direito à Cidade – USP
Núcleo Jovem Dorothy Stang
Núcleo Paulistano de Pesquisadores em Teatro de Rua
Observatório das Metrópoles – São Paulo
Ocupa Sampa
Pastoral Afro da Arquidiocese
Pastoral da AIDS
Pastoral da Moradia Arquidiocese
Pastoral da Mulher Marginalizada (PMM)
Pastoral de Rua
Pombas Urbanas
Pastoral do Menor da Arquidiocese de São Paulo
Rede Brasileira de Teatro de Rua
Rede Jubileu Sul Brasil
Rede Rua
Salve Barroca - Em Prol da Vida – São Caetano do Sul
Serviço de Assessoria Jurídica Universitária (SAJU)
Serviço Franciscano de Solidariedade (SEFRAS)
Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM)
SINFRAJUPE Serviço Inter-Franciscano de Justiça Paz e Ecologia
Sociedade dos Amigos, Moradores e Empreendedores do Bairro Cerqueira César (SAMORCC)
Streetnet International
Tanq Rosa Choq
Tribunal Popular
União dos Movimentos de Moradia São Paulo (UMMSP)
Vila Nova Esperança

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