Foi um momento importante também para pensarmos e repensarmos nossas cenas. Agora na segunda versão, nossa cena sobre os incêndios em favelas ganhou novos elementos.
A cena surgiu em exercícios no ano passado, quando os casos noticiados se multiplicavam escancaradamente. Infelizmente, a onda de "incidentes" continua esse ano e a secura no ar parece ser a grande responsável. Talvez os pobres (e agora até mesmo índios - vide o ocorrido na Aldeia Maracanã) tenham desenvolvido a habilidade de combustão espontânea! Ou tenham a irresistível necessidade de se envolverem em enredos típicos de novelas mexicanas, com casos amorosos complicadíssimos, brigas e fugas espetaculares.
O fato é que ninguém é ingênuo de pensar que seja normal que tantas favelas peguem fogo assim, de repente. E a gente trouxe brincando de falar de coisa séria alguns elementos que ajudam a questionar o que vem acontecendo na cidade.
Abaixo, um trecho do nosso rap "É fogo", que abre a cena enquanto são queimados papéis com os nomes das dezenas de favelas e comunidades incendiadas nos últimos meses.
"Tem um povo querendo morar e chama!
Mais gente pra lutar ele reclama.
Tem gente querendo comer todo dia
Mas torra em segundos seu salário mixaria
E enquanto em não pagar o aluguel ele teima
É a imagem do governo que o povo queima
Onde já se viu barrar o sucesso almejado?!
Contesta o prefeito num discurso inflamado!
E a mídia dá razão. E a gente dá razão.
E queima um incenso enquanto o povo vira cinzas.
E o que sobra da vontade desse povo arde
Em não ter que viver mais pela metade."
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