quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Direito à Terra


CONFISSÃO DO LATIFÚNDIO
(Dom Pedro Casaldáliga)

Por onde passei,
plantei a cerca farpada,
plantei a queimada.
Por onde passei,
plantei a morte matada.
Por onde passei,
matei a tribo calada,
a roça suada,
a terra esperada...
Por onde passei,
tendo tudo em lei,
eu plantei o nada.

(São Félix do Araguaia, 2006)


E seguindo no debate sobre o direito à cidade, temos que entender que ele está além da conquista de direitos individuais - "a minha qualidade de vida", "o meu acesso ao trabalho", "o lazer da minha família aos finais de semana". 

O direito à cidade envolve mais do que a chance de usar serviços e áreas públicas da cidade. A discussão vem antes - na produção desses espaços e criação desses serviços. 

Você já pensou por que uma manifestação de rua precisa pedir autorização para acontecer? Por que o Coletivo Dolores, parceiro no uso do CDC, teve que pedir autorização à subprefeitura para fazer sua Ocupação Cultural de uma praça? Ela não é pública?

Acontece que, por várias vias, a cidade é construída e gerida de forma que apenas algumas pessoas tenham acesso a determinadas coisas, para que a classe (dominante) que toma conta dela tenha seus espaços privilegiados, em que não precise conviver com a classe trabalhadora.

Sim, a luta pelo direito à cidade é uma luta de classes! E é uma luta por terra, por espaço!

Não dá para esquecer dos nossos companheiros do campo, que também estão lutando pelos seus direitos de ter um pedaço de terra para viver. Ainda que com suas particularidades, a luta no campo não difere da luta por moradia na cidade. 


Por isso o Coletivo manifesta seu total apoio às famílias do Assentamento Milton Santos, que lutam hoje pela garantia de seus direitos de morar e produzir em suas terras. 

O modelo do agronegócio e do latifúndio representam a construção do espaço do campo por uma classe beneficiada em prol dos ditames do capital. Isso não vamos aceitar nunca!
Não dá para a gente defender a Reforma Urbana e esquecer da Reforma Agrária. A luta é uma só. 

Continuaremos a marcar presença na luta. Vamos de stencil, bandeiras, voz e o que mais for preciso.
O que não dá é pra ficar do jeito que está!




Foto: Fábio Carvalho/MST
Manifestação de ontem (11/12), que saiu da Pça Charles Miller, no Pacaembu, e foi até a Av. Paulista, em frente ao escritório da Presidência da República. Depois o MST ocupou o INCRA e a mobilização não vai cessar até que o governo federal impeça o despejo das famílias.

Para acompanhar as mobilizações:


Carta aberta do assentamento Milton Santos
http://www.brasildefato.com.br/node/11339

Assentamento Milton Santos ocupa Secretaria da Presidente em São Paulo (10/12) http://www.assentamentomiltonsantos.com.br/?p=150

MST ocupa Incra por desapropriação definitiva de área do assentamento Milton Santos (11/12)
http://www.brasildefato.com.br/node/11357

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